quinta-feira, 4 de outubro de 2018

"O colecionador de más decisões"

Nunca acreditou em amor (à primeira vista).


"Mark viveu uma vida toda vendo outras pessoas realizarem o sonho conhecer um grande amor. Todavia, nunca imaginou-se no amor. Ás vezes, envolvia-se com outra pessoa e tentava ajuda-la, dando-lhe um pedaço de si para sentir-se vivo também. Era um prazer ajudá-los. Queria ser de alguma importância para as pessoas a sua volta, mesmo que fosse por apenas alguns instantes. Contudo, nada realmente o motivou a buscar um grande amor.

Naquela época, Mark era um consultor de vendas. E gostava muito do seu trabalho. Tinha contato com todos os perfis de pessoas, e quando  conseguia fazê-las sorrir, sentia-se feliz e realizado. Isso era uma forma de enganar a sua própria tristeza - solidão - e seguir em frente. Assim trabalhava sem direção alguma, apenas fazendo sua parte nas coisas da vida. Era uma rotina solitária por um longo caminho através da escuridão dos dias. Mal sabia ele que as coisas estavam para mudar.

Mark nunca foi bom em memorizar nomes, e também tinha medo de conhecer novas pessoas. Tinha acabado de atender um cliente quando olhou para entrada da loja. Seu olhar caiu sobre a amplitude da outra face. E sentiu alguma coisa - um frio nas mãos e um calor na espinha. Nunca havia sentido isso antes, disso tinha certeza. Mark refletiu mentalmente sobre tal sensação. O mero esboço do outro rosto o surpreendeu e o paralisou por um segundo. Lentamente, quis desviar o olhar, procurando outros clientes para atender. Não havia mais ninguém ali além deles. Era inevitável atende-los. Então, ajeitou a gravata em seu pescoço e caminhou lentamente em sua direção. O outro estava acompanhado com um conhecido. Mark ficou mais tranquilo e feliz  por ele também estar ali. Cumprimentou-os com entusiasmo de vendedor. Deu um abraço suave em seu amigo, que não o via há muito tempo. E então olhou para o outro. Sua respiração ficou presa na garganta quando fixou seu olhar naquele rosto. Um rosto tão bonito. Mark realmente ficou impressionado.  Era algo que  não poderia descrever em palavras. Havia alguma coisa ali - naquele rosto - que o magnetizou. O amigo apressou-se em apresentar um ao outro. Mark  apressadamente disse - quase gaguejou - o seu nome e sorriu. Estava tremendo por dentro e não sabia o porquê. O sorriso que o outro direcionou a ele era absurdamente lindo - exatamente como ele temia.

Após a troca de cumprimentos, Mark demonstrou-se mais nervoso ainda. E assim, rapidamente começou a jogar conversa fora com seu amigo. Sem deixar de observar - o tempo todo - as  reações do outro. Falou sobre o trabalho, sobre seu braço queimado - era desastrado com o fogão - e sobre sua família. O outro riu no momento apropriado, gemeu para sua queimadura e sorriu pedindo que ele continuasse a falar - parecia estar gostando. Mesmo assim, Mark sentiu-se como um estranho idiota. Travou por alguns instantes. Olhou para baixo, incapaz de olhar para o outro, percebendo sua plena - baixa, na verdade - estatura. O outro educadamente pediu se podia usar o banheiro. Mark apontou a direção. O outro pediu licença e retirou-se. Ao trancar a porta, o amigo aproximou-se  e disse em voz baixa:

-"Ele - o outro - disse que você é o vendedor mais elegante que  já conheceu."

E isso era o que muita gente pensava sobre ele - lindo, bonito, charmoso. Mark sempre quis ouvir outras coisas. Porém, aquela situação era diferente para ele, o mesmo foi completamente apanhado desprevenido. Uma curiosidade enorme em querer saber porque começou a tremer e gaguejar ao ver o outro. Aquilo era incrível. Sorriu e, em contrapartida, respondeu :

-"Obrigado. Diga a ele - o outro - que  eu sou romântico e inteligente, também".

Então, sem entender direito o que estava acontecendo, Mark o convidou para  um jantar.  E o outro aceitou, demonstrando muito entusiasmo. Realmente, não sabia por que resolveu fazer aquilo.

-"E agora se eu me apaixonar?" 

Pensou.  

-"Se eu me apaixonar por ele, será que vai me amar também?" 

Pensou muito, teve insônia e dormiu somente pela manhã, indo trabalhar com algumas olheiras disfarçadas. Pensou se isso era um bom motivo para se perder o sono. Não, não era um bom motivo. Realmente, Mark  não queria nada dele. Pensava que era  muito pretensioso, da sua parte, querer alguma coisa das pessoas em troca do seu amor. Realmente era muita pretensão. E ele não era assim. Jamais.

Nove meses depois sem - ainda - poder dormir direito, Mark pegou debaixo do travesseiro o guardanapo. Neste estava escrito com  caneta, emprestada de um garçom simpático, as seguintes palavras:

"PS: Eu nunca acreditei em amor à primeira vista". 

Então ele fechou os olhos e desejou aceitar que aquilo era um adeus para todo o sempre."

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