sábado, 10 de fevereiro de 2018

Pouca palavra pra muito sentimento

Um dia desses, uma pessoa que conheço há pouco tempo, chegou em mim, colocou a mão sobre meu ombro e olhando nos meus olhos me perguntou:

-"Mark, que foi que aconteceu, hein? Quando te conheci você não era assim!".

Olhei nos olhos dela, baixei a cabeça e suspirei.

-"Eu estou maravilhosamente bem, sempre!"

Ela sorriu com um ar desconfiado e sentindo o desespero pulsar no meu  peito, me abraçou. 

-"Saiba que, se precisar desabafar, eu estou aqui."

Não queria. Tentei resistir, no entanto aquela velha lágrima de angustia e tristeza insistiu em cair dos meus olhos.

-"Se você quer mesmo saber, eu estou passando por um momento bem difícil em minha vida. É um momento em que as coisas ao meu redor parecem ter perdido o sentido e entrei num profundo processo de auto questionamento. Aqueles valores, crenças e condutas que até então eram válidos já não são mais e, ao mesmo tempo, não consigo reformulá-los. A falta de referências seguras nesse momento de desconstrução e reconstrução interior é sentida por mim como um ‘vazio dolorido’ ou um ‘caos interior’. Mas amiga, embora isso cause muito sofrimento, eu sei que este é um momento precioso da minha vida por ser uma época de virada e superação. Eu preciso vencer e superar isso. Eu preciso. Eu tenho que..." 

Não saiu mais nada, um nó me sufocava a garganta. Trêmulo dos pés a cabeça, abracei-a ainda mais forte. Choramos juntos, nos abraçamos novamente, olhamos uma para o outro com um sorriso de quem entende a dor que há no outro. Colocamos novamente nossas máscaras e voltamos a sorrir para quem ali passava.