sábado, 21 de outubro de 2017

“O amor não é amado, é amando"


Série "Diálogos na varanda"
E aí, que me diz agora?
- Poxa meu amigo, realmente vivemos algo muito especial.
É mesmo?
- Claro, eu não imaginei que seria assim, tão tranqüilo.
Por que diz isso? Não entendo.
- Sei lá. A ansiedade era muito grande. E talvez por isso minha cabeça girava muito. Eu estava quase delirando.
- Percebi isso, por isso fiz questão de conversar.
- É, foi muito bom mesmo conversar, tirar algumas dúvidas.
- Ou colocar outras mais.
- Mas, foi bom mesmo assim. E como foi! Não acreditava, sinceramente, que o amor pudesse ter esta forma.
- Que forma?
- Ágape.
- Hum... Viu, não foi Eros não?
- Realmente não sei.
- E agora, como você está?
- Tranqüilo. Muito tranqüilo, eu acho.
- Viu, falei pra você confiar em mim.
- Você sabe que sou assim, cheio de minhas dúvidas. De meus delírios. Idéias que passam pela minha cabeça. Coisa de gente que não tem o que fazer.
- Mais certezas ou dúvidas agora?
-Agora? É...
- Hum...
- Dois. Ganhei, hehe!
- Bobo, não fuja da pergunta, responda.
- As duas coisas. Algumas certezas mais e algumas dúvidas mais.
- Como assim?
- Nesta minha vivência, aconteceram muitas coisas que me deram várias certezas, e outras também que me geraram novas dúvidas.
- Você e suas dúvidas.
- "Esse cara sou eu". Hehe!
-Não agüento mais esta música.
- E quem agüenta? Hehe!
- Quer falar sobre estas dúvidas e certezas?
- Neste momento não.
- Por quê?
- Deixe meu cérebro e meu coração assimilar melhor tudo isso aí, depois de digerido toda esta confusão paradoxal, podemos voltar a conversar sobre.
- Tudo bem.
- Só quero te dizer que tudo isso reforça a frase do Chiquinho?
- "Chiquinho"? Quem é este?
- São Francisco de Assis!
- Ah sim, eu sei qual a frase.
- Aquela mesmo: “O amor não é amado. Mas é amando."

sábado, 14 de outubro de 2017

Se não há começo, não há fim


"Eu penso: o tempo não passa. Eu sinto: será que eu me perdi no tempo?"

Realidade. Sempre tive sonhos e pesadelos excêntricos, é algo que nunca pude controlar. Sonhos excêntricos de caráter extraordinário, em constante mudança e vivacidade. Algo que realmente não posso controlar. Acordo no meio da noite - ou seria dia? - e não sei se estou sonhando acordado ou se estou vivendo sonhando.

Você já se sentiu sozinho no mundo? Claro que já, impossível a solidão não vir bater a sua alma. A solidão parece uma sombra do luar ou apenas mais um quadro com uma foto velha e nostálgica esquecido na parede. Você já esteve com muito medo de olhar para fora da janela, naquela tarde quente e alaranjada? Eu já.  Eu já tive muito medo de verificar se agora era realmente amanhã ou era hoje. Eu tive muito medo de ver se o que acontecera, realmente era real ou se era mais um sonho daqueles. 

Repetidas e incansáveis vezes acordei com uma tristeza dolorosa, tão impregnada em minh'alma e em meu peito,  que nada podia fazer fazer. Reiteradas manhãs acordei com um medo angustiante rasgando a minha pele, tão cansada de angústia, e não havia nada que eu pudesse fazer. 

Nos meus sonhos, sempre houve um lugar que eu desejava estar. E, quando finalmente chegava lá, ou eu já não era mais bem-vindo ali ou eu me cansava em segundos e queria ir embora pra outro lugar. Triste sina dos ansiosos, angustiados, melancólicos, depressivos e fracassados.

Depois de muito tempo perdido entre sonhos, realidades, vidas e pesadelos, houve uma coisa que eu aprendi: "sei que estou aqui e isso é a realidade". E há uma coisa que eu posso dizer a você, que me assusta e me acalma a alma: "a realidade é que eu o amo". E sempre soube o que eu estava fazendo, é claro que eu soube. Isso tudo só significa que vou me machucar, sempre tentando encontrar uma maneira de fazer-nos consertar.

Eu só não quero,  realmente eu não quero que isso acabe. Penso, me canso de pensar: "Até quando suportarei esta disforia monstruosa em minha vida, aquela que consome minh´alma?" 

Se não há começo, não há fim.