sábado, 27 de janeiro de 2018

"Palavras de uma dona Maria" - Parte II

Amanheci com saudades de minha mãe.

"-Mãe, eu sou o que?

-"Mark, você é MEU filho! É só o que importa."

-"Mas mãe, eu serei assim para sempre. Isso esta dentro de mim e eu não posso mudar. O que você acha que vai acontecer comigo?"

-"Eu não sei o que vai te acontecer filho. Mas isso não determina quem você é hoje, ou quem você vai ser no futuro. Você faz suas próprias escolhas. Exceto lavar a louça. Você vai lavar sim, e não tem escolha!"

-"Tá!"

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Crises n'alma

Pensando na crise do Brasil, percebi que eu também estou em crise. 

Crise sobre a felicidade ou a ausência dela. Crise sobre as expectativas, sobre "o que virá quando acabar o vazio e começar a vir coisas demais?" Crise sobre o equilíbrio ou sobre a falta dele. Crise sem razão de ter ou ser. 

Percebo que não me resta mais nada a fazer, a não ser ter crises. A não ser pensar. Pensar. Pensar, sentir os pensamentos. Pensar e chorar. Chorar, se for o caso. Chorar, sentir as lágrimas e pensar os sentimentos. Ser frio, se for o caso. Não é o caso. Não era pra ser o caso. Foi o caso.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

"Preciso me sentir vivo novamente"


"Estar vivo é uma coisa. Sentir a vida é outra coisa bem diferente."
(autor desconhecido)


Ted: "O que eu posso fazer para mudar sua vida?"

Mark: "Ore. Ore para os meus dias voltarem a ter sentido. Pra eu sentir vontade de falar. Para eu voltar a sorrir verdadeiramente. Para eu comer e não sentir aquele vazio que não é fome. Para eu voltar a sentir prazer em ouvir minhas músicas. Para eu continuar planejando meu futuro. Para eu alimentar o desejo de querer te ver. Para que esta ansiedade angustiante desapareça da minha vida tão rápida quanto como chegou. Ore para minha vida voltar a ter sentido. Eu só quero me sentir vivo. Será que isso é pedir muito a Deus?"

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

O sonho do anjo

Ele chegou de mansinho, sentou-se na beirada da cama e, inicialmente, só observou.  Estou ali deitado, dormindo. Depois de um dia nada fácil as dores foram tamanhas que o corpo e a mente não aguentaram. Geralmente não gosto de tomar remédios por conta própria, mas desta vez não teve jeito. A dor era tão aguda e intensa que eu não conseguia, ou não queria, ficar consciente. 

Tomei alguns comprimidos para as dores, me dirigi ao quarto, acendi uma vela e orei. Com os olhos quase fechados, repeti novamente a invocação ao Anjo da Guarda e me deitei. Dormi. 

Inicialmente me debati muito, mas aos poucos fui serenando. Logo estava dormindo tranquilamente, apesar da febre ainda rondar meu corpo. E ele estava ali. 

Olhou-me por alguns minutos e, então, chegou mais perto da cabeceira e começou a tocar minha fronte, mexendo em meus cabelos. Uma força emanava dele. Uma energia tranquilizadora e benfazeja emanava das suas mãos. Ali, de olhos fechados, e sua mão percorria vagarosa e carinhosamente os cabelos, o pescoço, o rosto e a fronte. Ficou nesse carinho por um bom tempo, o necessário. Até que ele ouviu um ruído, abriu os olhos e olhou para a direção do ruído: era a porta de entrada do quarto. 

Ela estava ali também, em pé com o ombro encostado no batente da porta e a cabeça levemente inclinada, observando. Ele não a conheceu pessoalmente, mas sabe muito bem quem era ela. Fez menção de se levantar, mas ela indicou com um gesto de não, que continue sentado.

- "Eu fiz a minha parte quando estive aí, e daqui faço o que posso. Agora é a sua vez de cuidar dele, de o ajudar, mesmo de longe."
- "Mas..." -  ia falar porém o nó na garganta não deixou.
- "Ele confia em você e sabe que você pode e vai ajudá-lo. E eu também confio. E sei que..."
- "Como?" - outra vez sem fala. Agora as lágrimas também embaçaram seu olhar. Sentiu o toque suave das mãos, uma em seu ombro e outra na cabeça.
- "Confie em você, confie nele. Eu confio e ajudo os dois, eu te peço."

Acordei. A sensação foi de paz e benção. Tranquilidade serena. Abri os olhos assustado. Tentei me localizar. O coração batendo acelerado, o corpo trêmulo e o suor sem febre. Tentei me acalmar. Foi só um sonho. Novamente aquele sonho.
Por Celso Marczal, o anjo Gabriel.

sábado, 13 de janeiro de 2018

"experiências"

"Eu tenho muitas realidades em meu passado. Não apenas a realidade do trabalho realizado e do amor amado, mas dos sofrimentos sofridos bravamente. [Essas são] as coisas das quais mais me orgulho, embora estas são coisas que não podem inspirar inveja "


Viktor Frankl

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

"Não tenha medo da luz acessa" - releitura

Você saiu do chuveiro de forma abrupta, de maneira acrobática aplicou um giro rápido de cento e oitenta graus e dirigiu-se ao banheiro fazendo um moonwalk para que eu não pudesse olhar diretamente para sua bunda. Em um piscar de olhos, conseguiu esconder sua parte mais linda atrás de um desnecessário roupão.

Sim, eu sei que mesmo depois de alguns bons meses juntos, amores-bem-feito, garrafas de vinho extintas e nossos suores misturados, você ainda tem vergonha de mim e, infelizmente, não consegue livrar-se do medo que tem de expor suas características humanas aos meus olhos, não menos humanos.

Pois saiba que, muitas vezes, priva-me de seus melhores ângulos como se eu fosse um crítico ranzinza de algum reallity show e, a qualquer instante, pudesse tirar do bolso uma placa contendo a nota zero, para assim, humilhar você e fazer você sair do palco engolindo o choro. Quero que saiba, de uma vez por todas, que eu sempre aplaudirei  seus passos ensaiados e que não deixarei de te amar nem um pouquinho, nas tantas vezes que ainda irá tropeçar e cair como qualquer pessoa faz. Pelo contrário, vou sempre levantar você pelos pulsos e, quando isso não for possível, vou jogar-me no chão junto com você para rirmos da vida deitados no asfalto.

Porque gosto mesmo quando você foge do script e não percebe que está com a barba toda suja de sorvete. Adoro quando nos teletransportamos da balada direto para cama e quando lá ficamos sem forças até para tomar um banho, pois no dia seguinte você fica lindo parecendo um mendigo de ressaca.

Quero que saiba agora, e não amanhã, o quanto eu acho você bonito mesmo quando faz careta.

Não tem ideia de como eu ficaria feliz se você, ao menos uma vez, relaxasse e soltasse a barriga enquanto comemos pipoca sentados e pelados em cima da cama. Eu não tenho nada contra as suas dobrinhas e espero também que não tema minha barriga cultivada à base de frango, bordas recheadas amanhecidas e ausências na academia.

É claro que acho você muito charmoso dentro daquela roupa social preta, mas preciso realmente que saiba o quanto adoro ver você recheando aquela camiseta velha com a estampa de alguma empresa que você já trabalhou.

Adoraria que você se esquecesse de pedir para apagar a luz e me permitisse devorar com os olhos cada cantinho seu – porque, afinal, se estou com você agora, significa que é com você que quero estar e que acho você lindo do jeitinho que você é.

E é óbvio que aquele sapato te deixa mais alto, mas peço que use mais vezes aquele chinelo branco super confortável, e sabe por quê? Pois tenho tesão também pelo seu bem-estar e por saber que, na minha frente, em cima de mim, do meu lado e comigo, sente-se realmente livre para ser humano.
Não estou pedindo para limpar seu nariz de mãos dadas comigo, nada disso. Peço apenas para despir-se de verdade, que remova não apenas as roupas, mas também essa desnecessária vontade de parecer perfeito.

(Releitura do texto de Ricardo Coirowww.entendaoshomens.com.br)

sábado, 6 de janeiro de 2018

"Amanhã é um novo dia"


É incrível. Quando nós estamos bem as provações aparecem e nos tiram do sossego que tínhamos achado ter construído, destruindo assim, todo nosso equilíbrio físico e mental. 

Quem nunca sentiu um calor exagerado e dolorido, que de repente te pega, te cega, te despedaça, e muda seus olhos - e alma - de cor? É disso que venho falar hoje. Desses sentimentos destruidores dos lares das almas. Lares do amor, lares do bem-querer. Aquele lado calmo, florido, cheiroso e sereno dentro de nós.

A raiva da qual senti - numa mistura heterogênea com outros sentimentos  e que vieram em minha direção como uma chuva de flechas envenenadas - me derrubou e levou consigo tudo aquilo que venho trabalhando a pulsos firmes e disciplinados para conquistar. Me tirou de mim, do meu eu. Foi uma sensação de perda total do controle da minha vida. Aquele momento latente de coração acelerado, sudorese intensa e ininterrupta, pele quente como água em ebulição, garganta cerrada e trêmula, e um brilho fosco no olhar, de como quem quer chorar mas as lágrimas não se dão por vencidas. Brilho e pupilas dilatadas de medo. Um nó que ao tentar engolir  só voltava refluxos amargos de desesperança. Uma experiência da qual, outrora, tive um ótimo autocontrole em não lançar palavras agressoras a quem estivesse por perto. Consegui manter a calma, pelo menos na aparência. Não alimentei e nem dei o braço a torcer para esta nada sublime negatividade. 

Agora, passado um pouco desse turbilhão de horrores nada prazerosos, tenho o corpo mole e enfraquecido. Um corpo trêmulo e uma mente confusa. Sensação de como tivesse acabado de sair de um campo de batalha e perdido a guerra para mim mesmo. No entanto, por hoje tiro o melhor.  Algo mudou dentro de mim, ou algo eu evitei e o mal não suportarei mais. São testes e são necessários serem vividos e sentidos. Amanhã é um novo dia. Mesmo que seja de um sofrimento maior que o de hoje. 

Como diz minha própria mente numa atitude de me autoajudar: "não há nada de ruim que não possa piorar. Sossega o facho então."

E minha viagem para o sul esta para acontecer.