Ele chegou de mansinho, sentou-se na beirada da cama e, inicialmente, só observou. Estou ali deitado, dormindo. Depois de um dia nada fácil as dores foram tamanhas que o corpo e a mente não aguentaram. Geralmente não gosto de tomar remédios por conta própria, mas desta vez não teve jeito. A dor era tão aguda e intensa que eu não conseguia, ou não queria, ficar consciente.
Tomei alguns comprimidos para as dores, me dirigi ao quarto, acendi uma vela e orei. Com os olhos quase fechados, repeti novamente a invocação ao Anjo da Guarda e me deitei. Dormi.
Inicialmente me debati muito, mas aos poucos fui serenando. Logo estava dormindo tranquilamente, apesar da febre ainda rondar meu corpo. E ele estava ali.
Olhou-me por alguns minutos e, então, chegou mais perto da cabeceira e começou a tocar minha fronte, mexendo em meus cabelos. Uma força emanava dele. Uma energia tranquilizadora e benfazeja emanava das suas mãos. Ali, de olhos fechados, e sua mão percorria vagarosa e carinhosamente os cabelos, o pescoço, o rosto e a fronte. Ficou nesse carinho por um bom tempo, o necessário. Até que ele ouviu um ruído, abriu os olhos e olhou para a direção do ruído: era a porta de entrada do quarto.
Ela estava ali também, em pé com o ombro encostado no batente da porta e a cabeça levemente inclinada, observando. Ele não a conheceu pessoalmente, mas sabe muito bem quem era ela. Fez menção de se levantar, mas ela indicou com um gesto de não, que continue sentado.
- "Eu fiz a minha parte quando estive aí, e daqui faço o que posso. Agora é a sua vez de cuidar dele, de o ajudar, mesmo de longe."
- "Mas..." - ia falar porém o nó na garganta não deixou.
- "Ele confia em você e sabe que você pode e vai ajudá-lo. E eu também confio. E sei que..."
- "Como?" - outra vez sem fala. Agora as lágrimas também embaçaram seu olhar. Sentiu o toque suave das mãos, uma em seu ombro e outra na cabeça.
- "Confie em você, confie nele. Eu confio e ajudo os dois, eu te peço."
Acordei. A sensação foi de paz e benção. Tranquilidade serena. Abri os olhos assustado. Tentei me localizar. O coração batendo acelerado, o corpo trêmulo e o suor sem febre. Tentei me acalmar. Foi só um sonho. Novamente aquele sonho.
Por Celso Marczal, o anjo Gabriel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário