terça-feira, 8 de janeiro de 2019

"Quero minhas cores de volta"

 Não só as cores. Eu quero meus cheiros e meus sabores.

Todo dia é uma luta. É uma luta contra eu mesmo. É uma luta contra um cotidiano, contra um passado que resolvi deixar para trás. É uma luta que não acaba. Continua todos os dias. Meu problema é químico e, a química mais simples do cotidiano não resolve, do contrário, atrapalha ainda mais.

Todos os dias me pergunto onde estão minhas cores, meus cheiros e  meus sabores. Descubro-me no mesmo lugar onde parei, sem respostas, apenas com mais caraminholas na cabeça. Estou sempre voltando pro começo e nunca encontro a resposta para nenhuma pergunta.

Durmo. Sonho. Acordo. Durmo, tenho pesadelos e então acordo novamente. Pesadelos tão palpáveis que tem dias que acordo não sabendo se estou no mundo real ou no mundo dos sonhos. As sextas e sábados são os piores. Os dias de balada são um martírio. Sou um personagem solo, não diferente de  qualquer outro no jogo da vida. Exaustivamente tento expurgar meus demônios escrevendo estas palavras. Vazias, frias e inertes palavras.

Demônios? Eles existem, assim como os anjos. Todos os dias luto contra eles. Distingui-los neste mundo vasto e caótico é muito difícil. Posso dizer que convivi com vários deles e, hoje tento expulsá-los da minh'alma. Não consigo, sou fraco e covarde. Como é difícil ser um covarde neste mundo. Ainda mais neste nosso mundo.

Se eu pudesse, iria para o sul. Queria buscar a pureza de um mundo novo. Buscar a pureza de um amor lírico. Buscar a pureza de uma brisa verde aconchegante. Pois, neste mundo velho e repetido, eu só me corrompo. Corrompo e sou corrompido. No entanto não posso. Tenho que me aguentar nesse caos urbano. Vou me fundindo aos sons de buzinas, sombras de arranha-céus e os flashes dos outdoors de leds. Exaustivamente esperando as horas marcadas, os dias contados e as palavras iteradas. Malditas sejam essas horas repetidas. Se eu realmente pudesse jogaria tudo pro alto e correria atras da brisa das serras do sul. No entanto, no momento não posso. Não mesmo.

Assim continuo minha luta em busca de um esquecimento momentâneo. Continuo minha batalha contra minha rotina, dolorosa rotina. Continuo como um lutador sem forças, que vive perdendo - e vagando - nas esquinas deste mundo, vasto mundo. Claro que no meio das eternas batalhas diárias, é muito difícil abandonar a dor e cuidar do coração, mais difícil ainda é achar um remédio certo para as almas adoecidas, tristes almas doentes.

Que  Deus não me abandone nesta minha dolorida e destinada caminhada. Ou será que já fui abandonado?

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