sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Sobre-viver com Transtorno de Personalidade Borderline

Depois de quase dez anos de diagnósticos e trocas incessantes de medicamentos e médicos psiquiatras, meu atual médico me diagnosticou como Borderline. Fiquei assustado, porém o mesmo me acalmou e disse que a medicação que eu estava tomando há quase dois anos, tem sido eficaz, então: 

- "Mark, você não precisa encucar com isso, e, nem encher de caraminholas a sua cabecinha. Uma vez que a mesma não tem espaço pra mais coisas" - sim, meu médico o Doutor Barão do Rio Branco (nome fictício), é muito bucólico em suas palavras.

Sem devaneios, vamos ao assunto em questão: 
Também conhecido como Síndrome de Borderline ou Transtorno de Personalidade Limítrofe (ser que vive no limite entre a sanidade e insanidade), o quadro provoca reações de ansiedade, tristeza profunda, mudanças bruscas de humor, problemas de concentração, sensação de estar perdido em si mesmo e até tendências suicidas. É um dos transtornos que com frequência aparece nos consultórios de psicologia e trata-se também de um quadro marcado pela forte instabilidade emocional, no qual o indivíduo é impulsivo, compulsivo e tende a desvalorizar-se.

Esse quadro psicológico costuma aparecer logo na adolescência e, ao passar dos anos, os sintomas vão se consolidando. Por isso é importante estar atento aos sinais, uma vez que o tratamento é feito de forma multidisciplinar, com o apoio psicológico e psiquiátrico. Vamos entender um pouquinho mais dos sintomas mais comuns desta síndrome:

I) Comportamento impulsivo ou compulsivo
Os indivíduos que têm o Transtorno de Personalidade Borderline encontram no comportamento impulsivo/compulsivo uma forma de aliviar sua própria dor. Desse modo, é comum o abuso de álcool e outras substâncias, comprar descontroladamente, manter relações sexuais de risco, adotar posturas imprudentes no trânsito, e etc.

Por comportamentos assim, os problemas de relacionamento e financeiro são frequentes e, apesar do alívio inicial, o ciclo de impulsividade/compulsividade é seguido pela culpa e pela vergonha. 

II) Extrema intensidade das emoções
Quem tem essa síndrome costuma ser mais suscetível às emoções em geral. Sentem tudo com mais intensidade e por mais tempo. É importante entender que essa sensibilidade e intensidade de sentimentos é uma moeda de duas caras. O indivíduo pode ser extremamente amoroso, e de outro lado se sentir sufocado por emoções negativas. Por exemplo, o mesmo nunca se sentirá constrangido, pois o sentimento sempre será de humilhação.

III) Ambivalência
Um outro sinal do Transtorno de Personalidade Borderline é que o indivíduo se importa muito com a forma como é tratado pelos demais. No entanto, o sentimento em relação ao outro não é uma constante, variando entre o positivo e o negativo.

Uma decepção, por exemplo, é suficiente para que ele deixe de idealizar o outro e passe a desvalorizá-lo.

IV) Problemas de concentração
A intensidade das emoções experimentada por quem tem esse problema dificulta a concentração. Isso porque o indivíduo perde facilmente o controle e o foco, especialmente diante de episódios que provocam sofrimento. Fica perdido em seus próprios pensamentos, como se fosse uma realidade paralela.

V) Sensação de vazio profundo
Como têm dificuldade para construir uma imagem sobre quem são, os indivíduos com Transtorno de Personalidade Limítrofe (border) são inseguros e não têm certeza sobre o que deve ser valorizado neles mesmos. O resultado é um sentimento de perda e vazio.

VI) Autopunição
A raiva alimenta um sentimento de autopunição, que se materializa em episódios como cortes e automutilação, especialmente em resposta a emoções negativas.

VII) Tendências suicidas e dores psicossomáticas
Nos casos mais graves, esses episódios de automutilação podem conter ideias suicidas. A dor física provocada é uma forma de fugir da dor psicológica. A somatização é um outro transtorno psiquiátrico, que pode ou não estar relacionado ao individuo border. Nestes casos, o indivíduo apresenta múltiplas queixas físicas, localizadas em diversos órgãos do corpo, como dores, diarréia, tremores, palpitações e até falta de ar, mas que não são explicadas por nenhuma doença ou alteração orgânica. 

Cada pessoa pode manifestar fisicamente as suas tensões emocionais em diferentes órgãos, podendo simular ou piorar muitas outras doenças.

Esses são alguns dos sinais mais comuns do Transtorno de Personalidade Limítrofe (Borderline) e que pode ser confundido com casos de Transtorno Depressivo Maior ou o Transtorno Bipolar, que por sua vez, podem ser doenças resultantes desta síndrome. Por isso, diante da presença de algum deles, torna-se importante buscar ajuda especializada para confirmar o diagnóstico e, assim, encontrar formas de enfrentar o distúrbio.

Lutem, resistam, a luta não acaba com um diagnóstico e os sonhos continuam lá fora. O mais importante mesmo é você aceitar a sua condição e seguir direitinho as instruções do seu médico. Vai por mim. 

Fontes: MundoPsicologos.com

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