"É claro que as pessoas precisam de uma outra que as completem. O vento que sopra em uma delas também vem soprar na outra"
Na sacada da casa de Gabriel - o anjo em minha vida - tínhamos uma vista maravilhosa. Um entardecer com um Sol nostálgico pondo-se no horizonte, escondendo-se atrás de todas as montanhas ao longe - a cidade que Gabriel morava era rodeada de morros e montanhas criando um visual lindo e peculiar. Gabriel tinha um olhar angelical atrás de seus óculos.
-"Meu amigo Gabriel que bom te ver assim tão feliz!"
-"Feliz Mark? Estou plenamente, magicamente feliz por você vir me visitar numa data tão especial assim. Mark seu maluco - insistem em me chamar de maluco ou doido - você entrou no meu círculo de amizade e de certa forma, não sei bem certo a qual, me fez aceitar que mesmo não sendo perfeito eu sou feliz e posso fazer as pessoas felizes. Obrigado!"
Olhando um para o rosto do outro, apoiamos nossos braços sob a beira da sacada e continuamos a ver o Sol sumir devagarinho na linha do horizonte. Desviei o olhar, ele riu e eu também. Fui surpreendido repentinamente com uma lágrima silenciosa sobre a face de Gabriel. Agora com uma aparência não tão feliz assim.
-"Mark, me abraça meu amigo."
-"Não seu maluco! Alguém pode nos ver aqui na sacada."
-"E daí? Eu sou gay assumido e você nem é daqui desta cidade. Meu amigo preciso somente de um abraço confortável que me traga segurança. Por favor?"
O rosto de Gabriel já estava todo molhado de lágrimas. Abracei-o. Ele suspirou. Tentou pronunciar algumas palavras, mas era quase impossivel entendê-las.
-"Mark, eu fiz tanta coisa em minha vida. Não me arrependo de nada. Errei e aprendi, caí e levantei. Posso me considerar um cara feliz. Porém existe uma coisa que me persegue, que não me deixa eu ser plenamente feliz."
-"Gabriel, se quiser compartilhar comigo eu estou para ouvi-lo. Amigos são principalmente para estes momentos!"
-"Nunca falei sobre minha orientação sexual com minha mãe e," - Gabriel tirou os óculos e tentava enxugar as lágrimas do rosto - "eu sei que ela sabia sobre mim, sempre fui covarde e nunca falei abertamente sobre isso, mesmo eu sabendo que ela me amava e me aceitaria como eu sou realmente. Minha mãe era a única pessoa que fazia me sentir seguro e confortável no mundo."
Gabriel baixou a cabeça, colocou a mão sobre o rosto e continuou:
-"Ela fazia um cafuné em minha cabeça e eu me sentia preparado para todas as decisões que eu precisava tomar. Minha mãe era a melhor do mundo, eu deitava na cama dela e achava a cama mais cheirosa do mundo."
Gabriel levantou a cabeça, enxugou os óculos - agora também molhados - olhou pra mim colocou a mão sobre meu rosto acariciando-o:
-"Rapaz, meu rapaz... Não sei porque mas você se parece muito com ela!"
Não queria quebrar aquele momento, então coloquei a minha mão sobre a dele:
-"Mas Gabriel, o que está esperando homem? Esta é sua chance, este é seu momento. Liga pra ela e diz o que você quer dizer de verdade."
-"Não dá Mark!"
Gabriel fechou os olhos, as lágrimas cairam novamente.
-"Por quê?"
-'Ela já morreu!"
Ele chorou alto, me abraçou e apertou.
-"Meu amigo, ela morreu e, eu sinto tanta falta dela!"
Ficamos os dois abraçados, e em soluços, naquela varanda. O silêncio de um anoitecer anedônico calou a voz de minha alma. O destino me afastou do meu grande amigo Gabriel. Espero que ele tenha superado a sua perda e a sua dor.
Nossa passagem por este plano está repleta de surpresas, algumas agradáveis outras nem tanto...
ResponderExcluirComo distinguir a intenção das Moiras ao fazerem com que certos fios de vidas fizessem um nó?
O certo é que sempre aprendemos algo com estes "nós"...
O importante é que estamos ligados por este fio precioso chamado AMIZADE!
ExcluirObrigado pela visita!