"Depois que acalmou um pouco a chuva, resolvi dar uma caminhada e ir até o supermercado. Coloquei uma mochila com um guarda-chuva nas costas e saí. Andei pelas ruas da cidade me sentindo sozinho, nada diferente dos meus últimos anos de vida. A verdade é que a sensação de estar só no mundo é assustadora e corrói a alma aos pouquinhos.
Quando estava no meio do caminho, um carro parou e encostou. O motorista me fez um sinal para chegar mais perto. Olhei para os lados para ter certeza que era eu quem ele chamava. Tirei meu fone de ouvido e me aproximei do carro.
-"Viu, véi você mora aqui mesmo nesta cidade?"
-"Sim, moro."
-"Então, eu moro na cidade vizinha e vim aqui procurar uma verdinha. Você por acaso você não vende?"
-"Verdinha?"
Sim, eu sabia que era cannabis, no entanto naturalmente fingi que não entendia sobre o que o sujeito estava falando.
-"Não sei não moço."
-"Pois é, tô a procura faz dias. Lá na minha cidade também está em falta!"
-"Pois é véi, desculpe não poder ajudar."
-"Tranquilo, tranquilo. Eu vou dar uns rolê na cidade ver se acho alguma coisa."
Coloquei meus fones e saí com passos largos em direção ao supermercado. Uma coisa não me saía da cabeça: "O que levou o tal sujeito parar o carro na rua e pedir justamente se eu vendia drogas?" Poderia haver muitos fatores para eu ser confundido com um traficante naquele momento?"
Não. Definitivamente não. Porém, cheguei a conclusão que ele só me parou na rua por um único motivo: A roupa que eu estava usando naquele momento. Então, em um profundo momento de devaneio, tentei imaginar como um possível traficante se veste.
Percebi assim, que acabamos sendo o que não somos pela forma que nos vestimos. Garanto que a maioria de vocês entenderam o que quero dizer.
Fica aqui mais um relato - mesmo sabendo que ninguém se importa - e quero apenas reforçar a constatação de que você é logo julgado pela roupa que usa antes mesmo de abrir sua boca para dizer quem realmente é."
"As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam" ... já dizia o poeta ...
ResponderExcluirsofro de confusão semelhante ...
bjão
Paulo Roberto Figueiredo Braccini . Bratz Como eu citei no texto :"Quando chegamos a qualquer lugar, antes de termos chance de falar ou até mesmo de sorrir, já fomos avaliados visualmente"...FATO#
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