Enfeite solitário.
Embora, esteja só começando minha caminhada pela vida, eu estou tão cansado que esse começo tem vestígios de fim. É como a mudança rápida e dramática da cor viva de um camaleão, perdendo o lúdico, a fé e a esperança. O acumulo paradoxo nos 26 anos de idade, sem culpa nem remorso. São muitos personagens no inconsciente turvo do dia em desatino; eu sou como um conjunto de livros guardados na gaveta de um armário, esquecido há tempo. Eu trabalho o cansaço que tenho na ideia, na constante chuva fina que cai sobre os meus ombros. Eu estou mais encharcado como nunca fiquei estado antes. É a vida em seu ensaio rustico fodendo os meios cognatos.
O sono dos dias provocando ruídos, eu não sei se sinto ou se ouço essa música gravada somente na memória dura dos meus medos. A cor ainda rubra das cicatrizes marcadas na minha pele crua – nula – gritando o alfabeto da minha alma nua. Tudo é como um rio que passa no seu sentido peregrino coletando sonhos, que é a crença inventada do sono. Curtindo solenemente a investida do tempo, sussurro os verbos recorrentes a essa caminhada enfastiada de prosa, e sedenta pelo alivio da chegada. Eu tenho razão eu estou cheio de razão, e a razão é uma flor nascida clandestina em meu peito fechado e esquecido. A pétala superior da consciência guardada em meu leito celeste, seu aroma semeia um perfume angelical, um perfume vernal, que preenche a aurora do meu jardim juvenil. A flor é a estação universal do meu corpo.
Mesmo que eu esteja só começando a rotina dos meus dias, a mão pesada da realidade cai sobre minha cabeça, e nesses dias sem consolo, tudo vai perdendo o encanto no fundo dos meus olhos entreabertos – pesados – por conta do delírio contínuo que trago comigo. Eu estou concentrado na sobrevivência. Eu estou indo de encontro ao futuro esticado em um horizonte marcado para ter um fim. E por falar em fim, eu termino aqui o fado entediado de enfeitar aniversários.
Feliz aniversário, Mark!
®Thiago França Bento.
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