Não sei por que mas, hoje mesmo com a presença de Mark - meu fiel amigo felino - senti uma agonizante e sufocante solidão. Sentei com Mark na janela e ficamos olhando a chuva que caía lá fora:
-"Você pode me ouvir Mark? Queria tanto que você soubesse e entendesse o que eu estou pensando e sentindo agora."
Mark apenas olhava para o vidro.
-"Você pode me ouvir gritando, neste silêncio que está batendo dentro da minha cabeça, pulsando dentro das minhas veias e que esta enfraquecendo-me, lentamente? Você pode me entender Mark?"
Eu queria gritar. Mark mau se mexeu e continuou hipnotizado olhando a chuva que aumentava cada vez mais.
-"Você pode me ouvir? Você pode ouvir-me?"
Estar perdido só faz a solidão aumentar e piorar a cada gota de chuva que cai lá fora. Mark então aproximou-se do meu braço, enrolou o rabo nele como se quisesse aquece-lo:
-"Acalma-te homem!"
Disse Mark, ainda olhando para fora. Eu fiquei perplexo, não pelo fato de ouvir meu gato falar comigo, mas pela calma e serenidade nas suas palavras diante de todo caos da minha mente.
-"Me acalmar? Como?"
Eu estava realmente nervoso - ou seria assustado?
-"Vamos rapaz, feche os olhos. Respire. Sinta a chuva com respirações profundas. Apenas tome uma respiração profunda. O mundo lá fora esta calmo demais para esta sua mente barulhenta."
Mark estava certo, só que eu realmente não queria respirar mais. Eu já estava exaurido de tanto respirar e nada mudar. Não era o mundo, era eu.
A chuva começou a acalmar, o movimento nas ruas começou a aumentar. Queria ir embora dali . Queria ter coragem para fazer isso. Mas não suportaria a falta de meu gato preto imaginário. Ele também iria sentir a minha falta.
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