terça-feira, 22 de maio de 2018

"Uma sombra"

"Estava vendo alguns episódios de "Thirteen Reasons Why" e comecei a pensar em como aquilo romantiza, ridiculariza e até negligência um transtorno psicológico.

Quem me conheceu antes de 2011, teve o prazer de conviver com outra pessoa. Primeiro a doença (depressão) despedaçou minha estima. Eu baixei a cabeça e comecei a "pensar demais". Depois ela me fez parar de fazer coisas que eu gostava: escrever, desenhar, editar, ler, ouvir música, estudar, sair com amigos, visitar entes queridos. Em pouco tempo me tornei um profissional desmotivado e um estudante fracassado. Rapidamente meus relacionamentos - familiares ou amorosos - começaram a decair e falhar. Eu passei a me sentir cansado e me achar insuficiente pra qualquer coisa, e esses sentimentos estragam tudo. Acredito que é melhor não entrar em nenhum tipo de relacionamento, isso evita machucar a si e aos outros. 

A insegurança tornou-se devastadora e soterrou meus projetos de vida para o futuro. Minhas amizades, quase todas se afastaram. A verdade é que poucos conseguem ficar perto de alguém que está o tempo todo triste como eu, ou mesmo quebrar a barreira que criei pra aguentar meu sofrimento silencioso. Hoje acredito que não faço diferença alguma na vida de nenhuma delas, na verdade sou apenas suportado. Melhor assim, não quero ninguém sendo contaminado pelo meu silêncio e pela minha angústia.

Ela (a depressão) arrancou minha voz e a vontade de querer sair de casa. Quanto mais quieto e isolado eu ficar, melhor. Interações sociais são dolorosas e cansativas. Eu já tentei acabar com isso algumas vezes, partindo do suicídio, passando pelo chá de Ayahuasca e chegando até o Ácido Lisérgico Dietilamida (LSD). Ambos falharam. 

Seguindo os conselhos da minha mãe, aderi aos antidepressivos - ansiolíticos, sedativos e hipnóticos - e até hoje continuo consultando meu psiquiatra - que se tornou meu amigo -, tomando os remédios e acreditando que tudo ficará bem um dia.

No meio de todo este caos psicológico, ainda coexisto com dois sentimentos distintos e muito dolorosos: a) Perder alguém que se ama. b) Viver sabendo que você é só uma sombra triste e angustiada, sendo o extremo oposto do que era antes.

Uma sombra melancólica do meu eu antigo.  Aparentemente sem valor algum. Uma hora isso acaba. Quem sabe um dia. Nenhum sofrimento é eterno."

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