"O silêncio pode dizer tanta coisa para quem realmente quer ouvir."
Da mesma forma que Marcos entrara na vida de Dam, em silêncio, assim também o deixou. Em silêncio ele se foi para sempre.
O silêncio havia-o consumido por muito e muito tempo. De tanto sofrer por falar e principalmente ouvir palavras bonitas e posteriormente ser machucado pelas mesmas palavras, Marcos prometera a si mesmo que o silêncio seria suas únicas palavras a serem ditas a quem quer que fosse. Essa era sua sina: um viver eternamente sozinho com seu silêncio.
"Pessoas silenciosas tem muito barulho em suas cabeças", já dizia aquela frase clichê. O silêncio é a forma mais lenta e barulhenta de suicídio. É o que nos separa do sofrer e ser feliz. É o grito que todo desesperado grita para o mundo e ninguém ouve. É um sonho bonito que perdeu-se em nossas mentes barulhentas. É o sangue doado sem nunca mais poder ser reposto pelo corpo um dia. É o que nos mantém vivos de corpo, ou mortos de almas. O silêncio pode ser o deus no ar ou a morte em vida que, talvez, possa ser suportada. O silêncio é o que consome durante o dia, ou a noite, lhe causando calafrios e dor na espinha. O silêncio é a razão. E a única razão, talvez, por não se querer dizer uma palavra sequer que possa vir a machucar alguém ou magoar a si mesmo. É o medo de ser feliz dizendo palavras bonitas - o que as pessoas querem ouvir - ou viver eternamente triste por nada dizer - e só falar quando realmente necessário e verdadeiro.
O silêncio talvez foi a resposta da sua alma na tentativa de superar sua dor. Nada mais a dizer. Lentamente o silêncio instaurou o caos em sua mente. Mesmo diante das palavras mais belas e surpreendentes de Dam, Marcos preferiu o silêncio e o suicídio mental que o consumiram até o outro amanhecer.
Silêncio.
Silêncio.
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