
Ele nunca cresceu. Ficou ali, minúsculo. Apenas um frágil broto estacionado no tempo. Tinha dias que parecia secar e outros dias aparentava ser apenas mais uma erva daninha qualquer aproveitando-se da minha água, do meu adubo e dos meus cuidados. Pesquisei pra ver se encontrava alguma outra planta parecida e nada. Precisava saber se realmente era flor.
- "mãe, esta flor é mato" - dizia eu no telefone.
- "calma filho, eu sei que é flor" - insistia ela.
Conforme o tempo foi passando, eu fui desistindo dele. No início, colocava adubo e molhava vez ou outra. Mais tarde, apenas empurrei o vasinho bem no fundo da prateleira atrás dos outros vasos, sem nem me preocupar se o regador com água ia chegar até lá. Finalmente alguns dias depois, o esqueci completamente.
Na primavera deste ano como de costume fui ajeitar o meu jardim. Estava ansioso para ver todos aqueles meus botões de rosas, cósmeas, amarílis, manacás e camélias, bem floridos e majestosos. Era o mínimo que estes podiam me oferecer depois de tantos mimos e cuidados que dei. Ao retirar alguns excessos de trepadeiras fiquei surpreso ao ver que o vasinho que a minha mãe me deu ainda estava lá. Ainda estava vivo, embora esquecido por mim e pelo tempo. Puxei-o para perto e notei que o broto já havia crescido quase uns trinta centímetros e que no seu único galho, havia um grande botão prestes a florescer. Ajeitei-o na prateleira, coloquei um pouco de adubo e o reguei a vontade.
Hoje ele amanheceu assim, florido. Seu único botão me trouxe uma tímida florzinha amarela simbolizando a luz e a sintonia que eu tenho com a minha mãe. Muito mais que isso, esta plantinha me ensinou o significado de ser forte, de ser persistente e paciente e, muito mais que isso, me mostrou que é muito importante cuidar dos outros sem esperar nada em troca.
Obrigado flor amarela. Obrigado mãe.
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