Das crônicas: "estórias do mundo"
"Por que eu não consigo dormir á noite?" - pensava desesperado ao saber que já estava amanhecendo outra vez e ainda não tinha conseguido dormir. Boca seca, garganta amarga, mãos trêmulas, dor no peito e um barulho ensurdecedor no vazio da sua cabeça que o enlouqueciam todas as noites.
Já tinha tentado quase tudo - da medicação à meditação, da acupuntura ao suicídio - e nada. Já faziam mais de três anos que não conseguia dormir direito. Sintia-se fraco. Mas não tanto a ponto de sentir sono. Tinha alucinações vívidas, pesadelos de olhos abertos e exaustão física e psicológica. Não obstante, ainda estava acordado - e supostamente, vivo.
-"Será doença ou maldição?" - perguntava-se para tentar entender toda aquela situação.
Já tinha tentado quase tudo - da medicação à meditação, da acupuntura ao suicídio - e nada. Já faziam mais de três anos que não conseguia dormir direito. Sintia-se fraco. Mas não tanto a ponto de sentir sono. Tinha alucinações vívidas, pesadelos de olhos abertos e exaustão física e psicológica. Não obstante, ainda estava acordado - e supostamente, vivo.
-"Será doença ou maldição?" - perguntava-se para tentar entender toda aquela situação.
E mesmo não aceitando, virou rotina ir dormir com aqueles malditos acufenos a lhe enlouquecer. Era difícil acostumar-se com a dor, mesmo já tendo passado tanto tempo. Na verdade não sabia o que doía mais: se era aquele barulho na cabeça ou as dores psicossomáticas no corpo - que analgésico nenhum curava - ou se era o seu coração recusando-se a aceitar a verdade. Verdade? Que verdade? A realidade já não lhe era familiar.
Não lhe restando mais nada a fazer começou chorar todas as noites na esperança de que aquilo fosse um dia passar. Chorou muito, afogou-se várias vezes nas águas profundas da sua própria dor. Só ele, o escuro amedrontador e o seu travesseiro. Não passou, nada passou.
Com o andar dos meses, exaurido, começou a perceber que chorar não curava e nem aliviava a sua maldita alma. O que cura? Não sabia. Cientista nenhum - ainda não - sabe."